

O que se lia sobre o túmulo do cãozinho era mais ou menos assim:
“Epitáfio para um cão ”
que possui a beleza, sem vaidade
Força sem insolência
Coragem sem ferocidade
E todas as virtudes do Homem, sem seus vícios.
Este elogio, que seria uma adulação sem sentido
se fosse escrito sobre cinzas humanas, é apenas um justo tributo à Memória de BOATSWAIN, um cão,
Que nasceu em Newfoundland, em maio de 1803
e morreu em Newstead no dia 18 de novembro de 1808.
Quando algum orgulhoso Filho do Homem retorna a Terra,
Desconhecido pela Glória, mas sustentado pelo Berço,
A arte do escultur exaure a pompa do infortúnio,
E urnas enfeitadas registram aquele que descansa abaixo.
Quando tudo termina, sobre a Tumba é visto,
Não o que ele era, mas o que ele deveria ter sido.
Mas o pobre Cão, em vida, o amigo mais firme,
O primeiro a dar as boas vindas,
à frente para defender,
Aquele cujo o honesto coração ainda é do seu dono,
Que trabalha, luta, vive, respira só por ele,
Sem honra se vai, todo o seu valor despercebido,
Negada no Céu a Alma que ele tinha na terra
– Enquanto o homem, inseto fútil!
Espera ser perdoado,
E reivindica para si um paraíso exclusivo.
Ó, homem! frágil e breve inquilino,
Rebaixado pela escravidão, ou corrompido pelo poder
– Quem te conhece bem deve te rejeitar com disgosto,
Degradada massa de poeira viva!
Teu amor é luxúria, tua amizade é inteira uma ilusão,
Tua língua é hipocrisia, tuas palavras, decepção!
Vil por natureza, nobre apenas pelo nome,
Cada irmão sevagem pode te fazer corar de vergonha.
Vós, que, porventura, contemplais esta simples urna,
Ficais sabendo
– não homenageia ninguém que desejais prantear.
Para marcar os restos mortais de um amigo estas pedras se levantam;
Nunca conheci nenhum, exceto um – e aqui ele descansa.”